Conjunto escultórico de São Bartolomeu dos Mártires (Viana do Castelo)


O grupo escultórico, em bronze, representa São Bartolomeu dos Mártires montado numa mula, no seu incansável deambular percorrendo as freguesias da sua diocese.

Na base circular, em granito, estão representadas cenas da vida do Santo Arcebispo, em baixo-relevo: No Concílio de Trento, Dando a sua cama a uma velha, Construção do Convento de Santa Cruz (São Domingos), Dando Esmola aos Pobres, São Bartolomeu dos Mártires Agonizante. O escudo tem o lema episcopal ARDERE ET LUCERE - NOLITE CONFORMARI HUIC SAECULO (Arder e iluminar Não vos conformeis com este mundo).

Bartolomeu Fernandes nasceu em Lisboa a 3 de Maio de 1514, sendo baptizado na igreja de Santa Maria dos Mártires. Em 1528, ingressou na Ordem dos Pregadores (Dominicanos); tomou o nome de Mártires, em memória da paróquia de Baptismo.

Em 1559, foi consagrado Arcebispo de Braga, cargo ao qual se dedicou com empenho e zelo verdadeiramente exemplares.

Com uma actividade apostólica multifacetada, empenhou-se no cuidado e assistência espiritual e material dos fiéis da vastíssima diocese, realidade que procurou conhecer pessoalmente através de Visitações regulares. A Arquidiocese de Braga abrangia nessa época a região de Entre-Douro-e-Minho e grande parte de Trás-os-Montes, com mais de mil e trezentas freguesias.

Percorreu as regiões mais inóspitas, constatando a profunda ignorância dos fiéis e o abandono de grande número de igrejas. Percorreu incansavelmente todos os caminhos - desde as terras do Minho às serranias de Trás-os-Montes -, montado na mula oferecida pelo Papa Pio IV – a afamada Águia.

Dedicou-se também, de modo particular, aos inumeráveis pobres que acorriam ao Paço Episcopal Bracarense.

Entre 1561 e 1563 participou activamente na terceira fase do Concílio de Trento. D. Frei Bartolomeu dos Mártires destacou-se pela clareza das suas exposições em questões cruciais, apresentando mais de duzentas e sessenta petições. De credibilidade reconhecida tanto pela sua erudição, como pelo testemunho de vida, interveio de forma notável e relevante nos decretos conciliares aprovados.

Viana do Castelo foi a cidade de eleição do Santo Arcebispo. Na primeira Visitação à Vila da Foz do Lima (1560) promoveu a fundação de um convento dominicano, para especial assistência e instrução local. Foi apelidado pelos Vianenses, especialmente pela gente do mar, como o Arcebispo Santo, a quem recorriam em todas as dificuldades.

A sua grande generosidade evidenciou-se também nos últimos anos de vida, no convento de Viana, onde acorriam os indigentes, ficando registado na tradição local, o episódio de ter dado até a sua pobre cama.

Em 1582, renunciou ao arcebispado e recolheu-se ao convento dominicano da Santa Cruz (hoje de São Domingos), em Viana do Castelo.

Faleceu em 16 de Julho de 1590 com fama de santidade.

Os seus biógrafos, particularmente Frei Luís de Sousa em Vida de Dom Frei Bartolomeu dos Mártires, são unânimes relativamente à notabilidade, sabedoria e solicitude do grande Arcebispo.

Reconhecido e venerado pelo povo também como Pai dos Pobres, foi declarado venerável pelo Papa Gregório XVI em 1845 e beatificado por São João Paulo II a 4 de Novembro de 2001. A 5 de Julho de 2019 foi promulgado o Decreto de Canonização pelo Papa Francisco, com Proclamação Solene em Braga no dia 10 de Novembro de 2019.



Referências

  • SOUSA, Fr. Luís de, Vida de Dom Frei Bartolomeu dos Mártires, Liv. Sá da Costa, Lisboa, 1946.
  • ROLO, Pe. Fr. Raúl de Almeida (Coordenação), Frei Bartolomeu dos Mártires (1514-1590), Biblioteca Nacional, 1991

Adicionar comentário

Comentários

Ainda não há comentários.