A Semana Santa em Vila Nova de Foz Côa
Em Vila Nova de Foz Côa, as cerimónias da Semana Santa são peculiarmente vividas, dada a devoção do povo fozcoense pelos mistérios da Redenção do Salvador e, em particular, por Nossa Senhora do Pranto, padroeira da igreja e da cidade.
A partir do Domingo de Ramos, o interior da igreja reveste-se de panejamentos roxos, criando o ambiente de maior recolhimento próprio da Semana Maior.
Na Quinta-Feira Santa, as cerimónias começam com a celebração da Missa que integra o rito do Lava-Pés, ficando o Santíssimo Sacramento exposto num altar lateral da igreja.
À noite, tem lugar a Procissão do Senhor dos Passos, que veio substituir a antiga Procissão do Senhor da Cana Verde.
A procissão sai da igreja com os andores do Senhor dos Passos e da Senhora das Dores, acompanhados pelos fiéis. Vai percorrendo as ruas da cidade, com as janelas e varandas recobertas também de panejamentos roxos quaresmais.
Ao longo do percurso, em sete paragens sucessivas, repete-se o Canto da Verónica: O vos omnes, qui transitis per viam, attendite, et videte, si est dolor sicut dolor meus (Ó vós todos que passais pelo caminho, olhai e vede se existe dor semelhante à minha dor) (Lam1, 12), palavras que a Liturgia aplica especialmente à Virgem Dolorosa. Na cena do Calvário, agregam-se crianças representando várias figuras: São João, Maria Madalena, soldados, Nossa Senhora das Dores, Simão Cireneu, a Verónica...Há alguns anos, a procissão era acompanhada também pelo som das matracas que, na Quaresma, substituíam o toque dos sinos.
Na Sexta-Feira Santa, a imagem do Senhor Morto é solenemente retirada da Cruz e depositada num esquife aberto, para veneração dos fiéis.
Segue-se a Procissão do Enterro do Senhor, a cargo da Misericórdia, igualmente nocturna e em cortejo silencioso, apenas ao som da música fúnebre tocada pela banda filarmónica da cidade.
Termina com a deposição da imagem do Senhor Morto no Sepulcro e o Sermão do Enterro, cerimónia que antecede o Sábado de Aleluia e o grande dia do Domingo da Ressurreição.
Em Vila Nova de Foz Côa, esta tradição está especialmente enraizada na devoção popular, e mantêm na actualidade todo o vigor e sentimento religiosos das épocas passadas.
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