O Túmulo de D. Maria i, Lisboa


D. Maria Francisca Isabel de Bragança, Princesa herdeira do trono português, filha primogénita de D. José I, nasceu a 17 de Dezembro de 1734. Em 1750, recebeu o título de princesa do Brasil, com a ascensão ao trono de D. José I. Casou em 6 de Junho de 1760 com seu tio, o Infante D. Pedro de Bragança - sequencialmente rei D. Pedro III -, e foi aclamada Rainha de Portugal em 1777.

Numerosos acontecimentos dramáticos, entre 1786 e 1790, perturbaram e abalaram a saúde da Rainha; foi-lhe diagnosticada doença mental irreversível, assumindo o príncipe D. João (depois D. João VI) os negócios do reino.

As invasões francesas a partir de 1807 forçaram a partida da Família Real para o Brasil, onde a Rainha veio a falecer em 20 de Março de 1816. Os seus restos mortais foram trasladados para a Basílica da Estrela no dia 18 de Março de 1822.

O imponente Túmulo de D. Maria I, com escultura atribuída a Faustino José Rodrigues (1760-1829), e inicialmente na capela-mor, está actualmente num dos braços do transepto. É integralmente em mármore branco e negro. Na parte superior encontra-se um medalhão com a efígie da soberana entre figuras alegóricas - representando a Fama -   e epigrafe:

 

QVAM VIVENTEM LVSITANI VIDERE HAVD POTERANT NISI LAETITIA GESTI

VIDENTES EIVS EMORTV AE SIGNVM QVIS SINE LACRVMIS ASPICIETEAM

(Aquela cujos filhos feitos, os portugueses só com alegria puderam ver, vendo agora a

confirmação de que está morta – quem olhará para ela sem chorar?)

 

A urna está apoiada em leões de mármore rosa sobre plinto com inscrição na face frontal.

 

 A DEUS DE INFINITA BONDADE

A Maria I, filha de José I, neta de João V, trineta do corajoso João IV, Rainha sempre Fidelíssima dos portugueses, augusta mãe da pátria, exímia na piedade para com Deus e para com o culto da religião, da justiça e da paz, desveladíssima na bondade e na clemência para com todos, protectora, mais do que ninguém, do amor das ciências e das belas artes e incomparável na munificência para com os literatos, pelas muitas e sumptuosas obras que foram construídas, sobretudo por esta esplêndida e imortal Basílica. Viveu oitenta e um anos, três meses e três dias e, atravessando o Oceano, a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, para onde a calamidade da pátria, causada pelo ferocíssimo inimigo invasor a impeliu, morreu nas XIII calendas de Abril do ano de 1816. Para aqui transladada por João VI, Fidelíssimo Rei dos portugueses, querida e saudosíssima mãe o respeitoso e obedientíssimo filho neste sepulcro, em que repousa, a depositou com tristeza e lágrimas.

 

Referências

  • RODRIGUES, Francisco José, Comemorações – 11 de Fevereiro de 1829, in Revista Universal Lisbonense. Hemeroteca Digital, Câmara Municipal de Lisboa, 1842-1843, Fevereiro Nº 21 (pp 256-258)
  • ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Vol. III, Livro XI, Parceria A. M. Pereira, Lisboa, s.d.;
  • QUEIROZ, Mónica Ribas Marques Ribeiro, O Arquitecto Mateus Vicente de Oliveira (1706-1785), Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas Artes, Lisboa, 2013

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