A Procissão do Ferrolho (Lisboa)


Em 1599, perante a grande epidemia, o Senado da cidade recorreu à Senhora da Penha de França, em voto assinado pelo Presidente da Câmara D. Gil Eanes da Costa, vereadores, procuradores e demais oficiais da Mesa, prometendo fazer anualmente uma procissão de penitência, pedindo a intercessão de Virgem Maria.

A 5 de Agosto de 1599, dia de Nossa Senhora das Neves, saiu a procissão presidida por D. Gil Eanes, seguindo o trajecto a partir da Casa Real de Santo António, Sé, atravessando a Mouraria até à Ermida de Nossa Senhora da Penha de França. Do cortejo faziam parte os vereadores da câmara, a comunidade dos religiosos eremitas de Santo Agostinho do Convento de Nossa Senhora da Graça e outras corporações religiosas, sacerdotes e muito povo, indo todos descalços, descobertos e com as tochas acesas.

A procissão repetiu-se todos os anos na noite de 5 de Agosto. O costume de se bater nos ferrolhos das portas acordando os moradores, ao longo do trajecto, está na origem da designação da Procissão do Ferrolho. A procissão prolongava-se pela madrugada, chegando à Penha de França já de manhã, e terminando com a celebração da Santa Missa.

A procissão realizou-se pela última vez em 1832.


Referências:

  1. ARAÚJO, Fernando Augusto José de, Notícia Histórica da Veneranda Imagem da Nossa Senhora da Penha de França offerecida à Sua Real Irmandade por um devoto da mesma Senhora, Lisboa, Typographia Eduardo Roza, 1903
  2. Archivo Pittoresco, 1860, Tomo III nºs 24, 25 e 26. 

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